Fonte: Panen Ccreative /Vecteezy
9 min leitura - Dezembro, 2023.
Saiba como fazer bons gráficos e contar uma história com seus dados.
Gráficos ruins estão por toda parte e estamos acostumados com eles, seja na faculdade, na mídia ou em reuniões de trabalho. Apresentações com gráficos bem coloridos e com muitas pizza coloridas que podem se tornar um inimigo na sua narrativa (abaixo explico o motivo).
As pessoas não querem fazer um gráfico ruim, mas acontece porque não somos educados ao longo da nossa vida para saber como ler, assim como contar histórias com eles e com números e estatísticas.
Vamos ver alguns exemplos de gráficos e tente avaliar se são bons ou ruins.
Fonte: Storytelling com dados de Cole Nussbaumer Knaflic.
Se os gráficos acima não o deixaram confusos, Parabéns!!! Você tem uma capacidade ímpar de decifrar números, ou talvez, assim como eu, trabalhou com finanças por muitos anos e uma tabela no Excel já seria suficiente.
A maioria das vezes, dedicamos muito tempo no tratamento dos dados, modelagem, análises preditivas, códigos lindos a gerar o modelo, qual linguagem de programação usar, etc. Mas, não pensamos nas pessoas a que se destinam esses dados, e como torná-los relevantes na mensagem que queremos comunicar ao nosso público.
Podemos achar que os resultados apresentados fazem todo o sentido, e está óbvio e claro o seu entendimento a todos, porém sabemos que não é tão simples assim. Então, com os dados disponíveis e devidamente tratados devemos escolher a melhor forma de apresentar com o intuito de defender o nosso discurso acerca das análises.
Seu público não fez a análise exploratória dos dados e será o primeiro contato deles com aqueles números, por isso não queremos assustar ou deixá-los confusos ou até mesmo transmitir a mensagem errada.
Aprender a contar história com dados é importante para dar visibilidade ao seu trabalho, uma boa análise e comunicação dos dados são essenciais para informar e entender os resultados para uma tomada de decisão.
Agora, como tornar os dados atraentes? Existem várias técnicas, ao fazer algumas pesquisas me deparei com o livro Storytelling com dados da Cole Nussbaumer (Dica Boa 👍🏻), é muito agradável a leitura, possui exemplos reais e você encontrará o passo a passo das técnicas para tornar seus dados bem "sexy". Irei tratar aqui das principais lições que aprendi neste livro e que nos ajudarão a atrair a atenção do seu público.
Outra dica, é o blog da Cole Nussbaumer (em inglês) em que são disponibilizados alguns templates para download, dá uma olhada lá: http://www.storytellingwithdata.com/blog
Saber quem é o seu público e como você irá se comunicar com eles, seja por uma apresentação ao vivo ou um relatório por e-mail. Isso será muito importante, para saber qual caminho deverá tomar para a visualização dos dados e como criar um entendimento sólido do contexto para quem vai receber essa informação.
Fonte: memegenerator.es
Uma dica é fazer uma história de 03 minutos, usando os conceitos como a Grande Ideia que em uma única frase resume rápido a sua ideia, o storyboard permitirá que conte sua história de forma clara e suscinta (um resumo visual) e planejar o conteúdo identificando o fluxo desejado e de como será apresentado.
Existem diversos tipos de gráficos que podemos usar numa apresentação, desde de um gráfico de barras horizontais até um mapa de calor. Qual tipo usar? Primeiro, temos que entender os dados e identificar qual é a melhor forma de apresentá-lo.
Para realçarmos os dados e atrair o olhar do público para o que é relevante, temos como bons exemplos de uso: para dados contínuos é melhor o gráfico de linhas, o de barras para dados categóricos e devem ter uma linha de base zero.
Resista fortemente aos encantos do gráfico de pizza, roscas, 3D e eixos y secundários. É dificil para nossos olhos lerem um gráfico de pizza com mais de 02 categorias, pois com 03 ou mais categorias perdemos a noção de proporção. O que isso quer dizer? A proporcionalidade dada pelo gráfico para as "fatias da pizza", pode nos levar ao erro de atribuir valores de ordem de grandezas que não são verdadeiras e também não conseguimos comparar os dados.
Ao olhar a fatia da pizza, o nosso cérebro atribui automaticamente uma grandeza e nos faz errar, pois as fatias não estão na mesma dimensão e caímos sempre nessa pegadinha. Vamos ficar então somente com as pizzas que podemos comer, assim é bem melhor .🍕🍕🍕🍕
Veja o exemplo abaixo, foram feitas duas pesquisas uma antes e uma após um evento que ensinava ciência para crianças. É difícil tentarmos entender todas as categorias do gráfico de pizza e o que está acontecendo ali com os resultados. Se quisermos comparar as categoria só vai piorar, simplesmente não conseguimos identificar rapidamente o resultado da pesquisa e se o evento foi um sucesso ou não.
Fonte: Storytelling com dados de Cole Nussbaumer Knaflic.
Numa apresentação temos que ser cautelosos com os elementos que usamos, pois eles terão valor informativo para nosso público. Alinhamento, cores, imagens, gráficos, tipos de letras, bordas, espaçamentos em branco, etc. Tudo isso vai chamar a atenção do nosso público e irão concorrer entre si.
Você já deve ter visto alguma apresentação que a cor "doía" os olhos, ou tinha tantos elementos distintos que se esforçou para entender o que estava na sua frente. Abaixo temos o conceito de exibição de dados introduzido por Edward Tufte, que afirma que devemos remover toda tinta (ou pixels) que não seja de dados e excluir a redundância, e ao invés de enfeitar nossos dados devemos eliminar os ruídos, e deixar com que os dados fiquem melhor "nus".
Elimine os elementos que ocupam espaço na sua apresentação, e que não ajudam no entendimento. A saturação faz com que a informação apresentada seja mais complicada do que realmente é, assim desmotivando o público a prestar atenção no que está sendo mostrado.
Para nos ajudar a manter o interesse do nosso público, podemos utilizar os Princípios da Gestalt para Percepção Visual e como aplica-los em nossos gráficos.
Para dar o foco onde desejamos, primeiro temos que entender como nosso público vê e processa a informação para sermos eficientes ao nos comunicarmos.
De forma resumida, a luz reflete a partir de um estímulo e isso é capturado pelos nossos olhos, isso é considerado a percepção visual.
Fonte: Giphy
Dentro do cérebro existem 03 tipos de memórias: icônica, curto prazo e longo prazo. A memória icônica é que nos interessa no momento, pois ela é super rápida e atua sem que a gente perceba. Quando olhamos a nossa volta ela constantemente é acionada, e permanece por uma fração de segundo antes de ser encaminhada para a memória de curto prazo.
Graças a memória icônica, conseguimos chamar a atenção do nosso cérebro rapidamente e sem nenhum esforço de qualquer pensamento consciente. O que irá ajudar e permitir que nosso público veja onde desejamos, serão os atributos pré-atentivos como intensidade da cor, forma, espessura da linha, tonalidade, tamanho e entre outros. A visualização dos seus dados só será efetiva se respeitarmos como a percepção visual e cognição funcionam.
Depois de pronto avalie seu gráfico ou apresentação refletindo "para onde seus olhos são atraídos", identificando assim os elementos que estão chamando a atenção e se realmente é isso que você quer destacar. Vale também, uma ajuda com um "olhar" amigo que nunca tenha visto seu trabalho, não diga nada e deixe-o interpretar. Observe como os olhos dele se movimentam e procure entender a lógica dele na interpretação dos dados, com isso você saberá se foi eficaz ou precisa melhorar algo.
Saiba mais sobre como funciona os atributos pré-atentivos, tem uma apresentação bem legal que encontrei da Raquel C. de Melo Minardi professora da UFMG.
Os designers conhecem bem os fundamentos e os conceitos do design como affordance, acessibilidade e estética. O design de um produto não é somente para ele ficar "bonito" e vender, é oferecer uma forma de visualização que permita ao público entender com facilidade e como deve usá-lo, sendo até mesmo óbvio sem nunca ter visto.
Fonte:ibe.edu.br
Não sou designer! Como fazer isso? 😟
Muita calma nessa hora, não vamos conseguir ver tudo aqui. Contudo, é importante que saibamos que existe e posteriormente podemos pesquisar mais sobre, ou trocar uma ideia com aquele amigo ou conhecido que é designer ou user experience (UX), ou até mesmo procurar esses profissionais nas comunidades.
Usaremos esses conceitos a nosso favor, fazendo com que o nosso público interaja com as nossas visualizações. Para isso, devemos realçar o que for mais importante, eliminar as distrações e criar uma hierarquia visual da informação. Torne seus dados acessíveis usando os textos a seu favor nas legendas e para explicar, de forma breve, os resultados do gráfico.
Por último, gaste um tempo em buscar um bom design visual e pesquise exemplos de visualizações de dados eficientes. Use cores de forma inteligente e tenha um bom alinhamento. Os dados tem que ter um visual atraente para ganhar de uma vez a aceitação de seu público, afinal “comemos com os olhos”.
Era uma vez na escola, que tínhamos a redação em que precisávamos ter em nossos textos início, meio e fim . Então caros, continuaremos a usar essa estrutura agora utilizando o poder da repetição para ajudar a fixar nossa história.
Quando você assiste a uma peça de teatro, um filme, ou até mesmo lê um livro em todos eles experimenta a mágica da história. Envolvendo-se com a narrativa, se emocionando e divertindo, e quando termina a história uma semana depois você conseguirá descrever para um amigo.
Fonte: Maurício Souza
Esse é o poder da história uma combinação de trama, reviravoltas e final. A humanidade ao longo das eras têm se comunicado através dela, e podemos usar essa poderosa ferramenta para nos comunicar.
O primeiro a se fazer é o início, onde você apresenta a trama e constrói o contexto. Provocando o interesse do público através da tensão do "conflito entre o que é, e o que poderia ser".
O cenário foi introduzido ao seu público, agora você desenvolve "o que poderia ser". O meio será as reviravoltas da história, o objetivo aqui será convencer que existe a necessidade de uma ação para resolução do problema. É nesse momento, que você irá trabalhar para propor da melhor forma a sua solução e convencê-los do porquê devem aceitá-la.
Uma dica é identificar o que motiva seu público, pensar na forma da sua história para que se enquadre na motivação e a necessidade de ação tornando relevante. A história é para seu público e diz respeito a ele, e não a você.
Seu último ato será o fim, deixe totalmente claro ao público o que você quer que ele faça com o entendimento transmitido terminando com uma chamada para ação. Uma maneira de fazer isso é terminar a história recapitulando o problema (início), a necessidade de ação (meio), e reforçando o senso de urgência para a ação proposta deixando-os pronto para agir.
Por fim, também é importante a estrutura da narrativa que são as palavras escritas ou faladas e a combinação das duas. Pois, uma visualização bonita com bons gráficos de nada vai adiantar se a narrativa não for convincente, a apresentação corre o risco de ser chata. Pesquise mais sobre narrativas, isso irá ajudar você a contar uma história em uma ordem que faça sentido para convencer seu público de qual é o motivo de ser interessante e prestar atenção.
Nesse post, apresentei de forma resumida como tornar seus dados atraentes. A ideia geral para um bom storytelling são essas, agora é pesquisar mais sobre os conceitos apresentados e se aprofundar em algumas técnicas.
Espero que tenham gostado e que tenha ajudado vocês, a produzir dados mais "sexy" nas suas apresentações ou relatórios. Lembrando que, pizza foi feita para comer e exclusivamente para nos deixar feliz que nem esse "doguinho" aí do lado.
Papos e Pizzas são sempre bem vindos, veja meus contatos abaixo.
Fonte: Giphy